O RESGATE- FINAL
Antonio se levantou, me recolheu pelo braço e me arrastou de forma grosseira para fora da festa.
- Que história é essa Anne? Não é a primeira e nem a segunda vez que te chamam de prostituta para mim! Eu nunca questionei nada, parto pra cima para defender sua moral, mas estou estranho tudo isso! Está na hora de sermos honestos um com o outro não acha?
Vi meu mundo desabar e todos os meus sonhos escorrerem ralo abaixo. A casa na Rua Dárvia, os filhos com queixos quadrados como os de Antonio, a jazz rolando no radio da cozinha enquanto eu preparo o fricassé de frango para o almoço de domingo. Tudo caindo por terra na minha frente e eu não tinha mais como manter.
- Mil perdões meu querido!- comecei meu discurso de encerramento de um amor. - Eu venho há alguns anos tentando me enterrar sob a terra junto ao meu passado vergonhoso! Sim, o que seu primo disse é a mais pura verdade! Eu me prostitui durante minha adolescência, me sustentei assim, comprei minha casa, meu carro, mantive meus pais até a morte com dinheiro de programa! Eu poderia aqui te explicar a raiz triste disso tudo, o porque fui para essa vertente da vida, que acredite, é desagradável e irreparável, o que passei sozinha nessa vida, as diversas vezes que morri e tive de ressuscitar sem esperar o terceiro dia, as horas que passei na Igreja de fronte ao Altar pedindo a Deus que me levasse para perto de si, as surras que levei, o nojo que senti, dos outros, de mim, o frio das madrugadas, o homem sujo que me tocou aos 9 anos de idade, enfim, eu sei que nada do que eu disser vai diminuir o seu nojo e decepção, então eu encerro por aqui nossa história, te pedindo perdão por não ter contado! Eu jurei nunca mais me envolver com ninguém desde que sai daquela vida. Eu tenho vergonha do que fui e do que sou! Não sou digna de estar aqui hoje, na festa da sua família, nem digna do seu amor! Mas de qualquer forma queria que você soubesse que o que vivi com você até aqui, fez uma vida inteira de infelicidade valer a pena! Eu conheci através dos seus olhos a felicidade face a face! Você enxergou coisas em mim que eu jamais sonhei que existissem, você foi meu pedaço do Céu na Terra e o sentimento mais lindo que meu corpo impuro foi capaz de nutrir. Se eu pudesse hoje, voltaria atrás em tudo, só pra ser digna do seu amor e principalmente da sua admiração! Você foi Antonio, o meu resgate!
Morri novamente,mas dessa vez não tinha mais motivo pra ressuscitar. Eu vivia esperando um dia que eu entendesse o porque as pessoas gostam de estar vivas. Eu tinha encontrado e estava bem ali na minha frente. Peguei minha medalha de Nossa Senhora de Guadalupe, que carregava em meu pescoço, coloquei lentamente nas mãos de Antonio, foi a última vez que senti o toque do paraíso em meu corpo. A temperatura ideal para eu ser feliz, se encontrava ali, nas palmas de suas mãos. As beijei, molhando-as com minhas lágrimas e disse: "Eu te amo e sempre vou te amar! Me perdoe..."
Sai, deixando cheio de lágrimas nos olhos e sem nenhum direito a perguntas tão pouco respostas, o amor da minha vida.
The End.
Vital,V.
Antonio se levantou, me recolheu pelo braço e me arrastou de forma grosseira para fora da festa.
- Que história é essa Anne? Não é a primeira e nem a segunda vez que te chamam de prostituta para mim! Eu nunca questionei nada, parto pra cima para defender sua moral, mas estou estranho tudo isso! Está na hora de sermos honestos um com o outro não acha?
Vi meu mundo desabar e todos os meus sonhos escorrerem ralo abaixo. A casa na Rua Dárvia, os filhos com queixos quadrados como os de Antonio, a jazz rolando no radio da cozinha enquanto eu preparo o fricassé de frango para o almoço de domingo. Tudo caindo por terra na minha frente e eu não tinha mais como manter.
- Mil perdões meu querido!- comecei meu discurso de encerramento de um amor. - Eu venho há alguns anos tentando me enterrar sob a terra junto ao meu passado vergonhoso! Sim, o que seu primo disse é a mais pura verdade! Eu me prostitui durante minha adolescência, me sustentei assim, comprei minha casa, meu carro, mantive meus pais até a morte com dinheiro de programa! Eu poderia aqui te explicar a raiz triste disso tudo, o porque fui para essa vertente da vida, que acredite, é desagradável e irreparável, o que passei sozinha nessa vida, as diversas vezes que morri e tive de ressuscitar sem esperar o terceiro dia, as horas que passei na Igreja de fronte ao Altar pedindo a Deus que me levasse para perto de si, as surras que levei, o nojo que senti, dos outros, de mim, o frio das madrugadas, o homem sujo que me tocou aos 9 anos de idade, enfim, eu sei que nada do que eu disser vai diminuir o seu nojo e decepção, então eu encerro por aqui nossa história, te pedindo perdão por não ter contado! Eu jurei nunca mais me envolver com ninguém desde que sai daquela vida. Eu tenho vergonha do que fui e do que sou! Não sou digna de estar aqui hoje, na festa da sua família, nem digna do seu amor! Mas de qualquer forma queria que você soubesse que o que vivi com você até aqui, fez uma vida inteira de infelicidade valer a pena! Eu conheci através dos seus olhos a felicidade face a face! Você enxergou coisas em mim que eu jamais sonhei que existissem, você foi meu pedaço do Céu na Terra e o sentimento mais lindo que meu corpo impuro foi capaz de nutrir. Se eu pudesse hoje, voltaria atrás em tudo, só pra ser digna do seu amor e principalmente da sua admiração! Você foi Antonio, o meu resgate!
Morri novamente,mas dessa vez não tinha mais motivo pra ressuscitar. Eu vivia esperando um dia que eu entendesse o porque as pessoas gostam de estar vivas. Eu tinha encontrado e estava bem ali na minha frente. Peguei minha medalha de Nossa Senhora de Guadalupe, que carregava em meu pescoço, coloquei lentamente nas mãos de Antonio, foi a última vez que senti o toque do paraíso em meu corpo. A temperatura ideal para eu ser feliz, se encontrava ali, nas palmas de suas mãos. As beijei, molhando-as com minhas lágrimas e disse: "Eu te amo e sempre vou te amar! Me perdoe..."
Sai, deixando cheio de lágrimas nos olhos e sem nenhum direito a perguntas tão pouco respostas, o amor da minha vida.
The End.
Vital,V.
num gosto mais é do Antônio! ='(
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