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AGONIA

Já sentiu-se rendido pela vida? Inerte a própria vontade? Como num estado de embriagues, que você tenta controlar o movimento das suas pernas, mas elas teimam ir para o lado oposto? Então, sinto-me por muitas vezes, embriagada em vida, mesmo sã, o universo me arrasta para certas realidades, que como numa esteira, de nada adianta correr, não se sai do lugar.
Sabe aquela coragem toda do ultimo texto? Da Felicidade Comedida? Então, foi engolido por uma sensação de afogamento estarrecedora.
A sensação de vulnerabilidade sempre me incomodou, mas a situação de impotência diante das minhas próprias “escolhas”, ah, essa me tira do sério! Não ter o controle do próprio destino, fazer parte do jogo de peças do Universo, tudo isso não cabe no meu entendimento e me apavora.
De que adianta eu decidir por isso ou aquilo, se a maré vem e me arrasta pra outro polo? Fazer parte do clã das conexões, ditas e reditas por alguma força maior é o que temos pra hoje.
Desculpe-me tantas perguntas caro leitor, mas preciso saber que isso também te incomoda, assim não enlouqueço sozinha.

Corro pra debaixo da cama, fecho os olhos, invade os sonhos, acordo aflita, está nas paredes. Corro como Alice, volto pro mesmo lugar, jogo dos espelhos, não sei se sento e espero, se me entrego, se luto com o ar, se dou risada (gargalho desesperadamente!), não sei... Simples assim! A sabe tudo, simplesmente não sabe o que fazer. Talvez esteja ai a resposta: Deixar de fazer!


Vital, V.

Comentários

  1. Cara Escritora.

    Isso também já me incomodou. Planos frustados, a maré levando tudo. Mas quando isso acontecer em sua vida, leia o texto da Felicidade denovo. E lembre-se não existem certezas, só oportunidades. Não canso de falar isso para mim mesmo. ;)
    Tentar aproveita-las é o que podemos fazer.

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