Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2021

Corpo Mofado

Eu só queria sua sede Sede do meu corpo Sede do meu gosto Sede do meu mel Eu só queria que você me notasse Que você me procurasse Que minha renda te excitasse E minha libido te provocasse Eu queria você atravessando a cidade Quarta-feira chuvosa Pera se jogar entre minhas pernas Se lambuzar do meu amor Eu queria te deixar louco quando uso sua blusa Ou quando atravesso o quarto toda nua Mas seus olhos não estão mais em minha direção. Eu queria você hipnotizado enquanto me visto Não vidrado no celular. Eu queria seu quadril me encoxando quando me deito Não virado para outro lado, como se eu não estivesse mais lá. Eu queria sua fome Da minha carne Da minha alma Das minhas ideias Mas hoje me sinto só um corpo mofado Gordo, morto e estragado Andando para todos os lados, Deitado ao seu lado Sem o mínimo valor ou agrado, Que no máximo da cama, esquenta um lado. Vital,V.

Esvaziando

Você já se sentiu esvaziando? Sinto como se cada gota do energia do meu corpo se esvaísse. Eu estou apática, sentada diante da vida passando. Hora apressada, hora paralisada.  Mas ainda assim passando. E eu, cá sentada. Os planos já não fazem mais sentido. Os sonhos estão acinzentados. O tesão esfriou.  O frio na barriga esquentou. O medo afrouxou. E da coragem, pouco sobrou. Tenho vontade de permanecer em silêncio. Olhos cerrados. Contemplando os dispostos.  É bonito assistir. É cansativo imaginar... Ora, logo eu que sempre fui cheia de tudo. Agora me pego cheia de nadas. Não me encaixo em canto algum. Não compreendo o que me dizem. Não sei me expressar. Nem sei porque estou escrevendo. Você não vai ler e se ler, não vai entender. E tá tudo bem. O problema está em mim e não em você. Eu vou seguir aqui, esvaziando, enquanto meu café continua esfriando. Vital,V.

Um dia...

Um dia eu rasgo tudo o que sei. Um dia vomito tudo que engoli. Um dia exponho tudo que escondi. Um dia encaro o que me matou e ainda tive de seguir. Um dia eu jogo na cara e no ventilador, para os quatro cantos do meu mundo o que me sufocou. Um dia eu canso de ser tão polida, diplomática e gentil. Um dia eu perco a cabeça e mando para puta que o pariu. Um dia eu desço do salto, revelo as mentiras, eu grito bem alto. Um dia eu provo que eu nunca menti, que não fui eu que feri, que culpa dos outros eu assumi. Um dia eu sustento a tal solidão. Rompo as correntes, me encaro de frente e fujo da prisão. Um dia eu perco toda a ilusão a qual me calcei e firmei o meu chão. Um dia eu me encontro na imensidão, desse campo minado do meu coração. Um dia eu estou aqui a sua disposição, no outro acordo e parto então... Um dia eu vou e não volto mais não. E desse dia em diante, meu bem, nem tambor ou oração. Me trazem de volta para sua encenação. Viva cercado da sua omissão, refaça o roteiro, comece

Nem sobre você eu escrevi

Quando eu percebi, nem sobre você eu escrevi. Quando dei por mim, você nem estava mais aqui. Desculpa, eu sei que você queria e muito ser capítulo dessa história. Como nunca antes alguém quis.  Eu gostei disso... Gostei mais disso do que de todo o resto para ser sincera. Alias, eu sempre fui sincera, de uma maneira que você não suportava. E de tanta verdade dita, preferiu duvidar de todas elas para conseguir assimilar. Não te culpo. Não te julgo. Não te entendo também. Não é nada pessoal, não é com você e nem com seus moldes pré formatados de pessoa perfeita. É comigo e a com a imensidão que desagua dentro de mim. Ela te assustou na primeira gota. Você se perdeu na primeira curva. Você se afogou sem nem colocar os pés. Você me fez vilã na minha própria tragédia. Não teria dado certo, eu acho... Ou teria dado muito certo, tão certo, que só algo de errado poderia explicar. Você não vai ler isso aqui e eu nem sei se vou publicar. Que irônico. É tão a gente, não? Hoje ouvi sua playlist...