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Mostrando postagens de setembro, 2015

Volta!

Volta logo vai, já cansei de esperar você ir embora de vez. Eu sei que é o melhor para mim. Eu sei que é melhor pra você. Mas quem aqui consegue? Ensaiamos tantas vezes a sua ida que quer saber? Já vi que ela não vai acontecer. Eu te amo, você me ama e a gente é destrutivo junto. Eu estou tentando romper tudo isso há tanto tempo, que já me esqueci de como era boa nossa soma. Nós nos matamos todos os dias, mas não enterramos, mantemos essa sobrevida parasita que não nos preenche, mas nos consome. Então volta logo, cacete! Volta pra mim, por inteiro, traz seus sonhos que serão meus de novo! Traz seu riso, traz seu sono, traz seu hálito, traz sua calma, traz seu corpo e entra mim para não sair mais. Não podemos um com o outro, você é meu pior adversário, o mais forte, então junte-se a mim e vamos ser um, vamos ser explosão, entra em erupção comigo, assim, do jeito que me ensinou e eu aprendi tão bem. Eu nunca quis que fosse, mas as evidências são gritantes. Vamos gritar mai

Foda

Tá foda te digerir. Você é aquela comida gostosa que me deu dor de estômago. O corpo sabe que fará mal mas a boca ainda quer sentir o sabor. Eu vou melhorando, gradativamente, mas ainda me sinto indisposta, ainda tenho refluxos e sim, você ainda me causa vertigem. O médico me indicou repouso, mas eu não fiz. Você sempre briga comigo dizendo que sou inquieta e não paro um segundo. Alias, sua presença causa a maior inquietação que já senti. Eu te amo. Mesmo. Pra caralho. E está foda. Está foda ver você ir embora todos os dia e não ser mais pros meus braços. Está foda ver você sorrindo por outros sorrisos, e mais foda, você  nunca sorriu assim por mim. Está foda ver você seguindo seu caminho sem olhar pra trás e sem notar que eu fiquei capenga. Tem muita coisa foda n isso tudo , mas o mais foda de tudo, foi entender que foda era nossa história, foda era nossa química, foda era nosso timing e que só eu via tamanha potência. Lembro que nossas brigas tinham beleza, eram em cen

Crônicas - Lily e a Chuva

Era fim de tarde, dessas de agosto, a garoa fina e gélida arrepiavam meu corpo e cabelo. Eu estava com preguiça, já não tinha meu velho Fiat na garagem e precisava urgentemente comprar algo para comer. Vesti seu casaco, aquele desbotado e infinitamente quente que deixou por engano no fundo do meu armário. Sai de casa, sob o céu cinza e molhado, desengonçada – como você me deixou – com as roupas largas de inverno, com aquele colorido sombrio e brega que os meros mortais usam nessa estação. Caminhei encolhida pelos quarteirões rumo ao mercadinho do bairro. Há tempos eu já não me importava com chuva na cabeça, afinal, eu havia tomado coisas muito piores nela. O frio já não doía a pele, ao contrário, amortecia a dor que sentia por dentro. A solidão da cidade nesses dias confortava o vazio que sua ausência causará em mim. A penumbra ornava com meu estado de espírito. Faziam alguns meses desde a sua partida e ainda mantinha sua xícara em cima da mesa. Eu tenho essa mania estúpida de cul

Vem e vai.

Vem e vai, não pode ter fim. Nós não pontuamos, nunca finalizamos, deixamos a porta entre aberta, pra que de alguma maneira sempre tivéssemos acesso um ao outro. Sempre enfatizo que sou ótima em iniciar relações mas péssima para finaliza-las, talvez porque eu sempre acredite que podemos ir um pouco mais; pecado meu, reconheço. Seu gosto nunca senti, mas não sai do céu da minha boca, como aquele doce que desejamos tanto, que conseguimos sentir a dor da ausência sem nem sequer ter provado. E teu sorriso? Escrachado, estampado, sarrista e sem vergonha. Odeio a forma que me constrange, odeio a forma que derrete, odeio gostar tanto dele. Nosso papo sempre fluiu, que nem água, mas água de queda, daquelas agitadas, cortantes e agressiva. Nossa acidez sempre combinou tanto que nos repeliu nesses anos todos. Mas você insiste em voltar, e quer saber? Agora vou te pegar, te agarrar, te sugar, te morder, te sentir, te viver, te tocar, te prender, te desvendar, te absorver. Depois pode ir e

Penhasco.

A dor de cair de um penhasco é lenta, tem uma vista linda, causa vertigem e calafrios,  dá a esperança de possíveis asas e tempo de pensar. Mas é fatal. E quando colide com o solo, meu amigo, não sobra um pedaço pra contar história. Aliás, que coleção de histórias fizemos juntos não? Assim é a decepção certeira. São relações que entramos já fadadas ao fracasso e mesmo com essa ciência, arriscamos e arremessamo-nos de corpo – e pior!- e alma. Amores não são escolhidos, são plantados pelo destino, germinam no cair da noite e quando amanhecem dentro de nós, já não há mais o que fazer. Pena que o seu era mau e só floresceu em mim, erva-daninha. A dor só deixa de ser dor, quando a sente-se inteira e como em uma contração renal parece que vamos morrer; e não morremos! O extremismo faz parte de mim, nunca amei pouco, nunca sonhei baixo, nunca deixei de planejar e isso tudo nunca me poupou de sofrer muito. Ser estilhaçada virou praxe, o que me conforta dessa vez na esperança de sobrev