A dor de cair de um penhasco é lenta, tem uma vista linda,
causa vertigem e calafrios, dá a
esperança de possíveis asas e tempo de pensar. Mas é fatal. E quando colide com
o solo, meu amigo, não sobra um pedaço pra contar história. Aliás, que coleção
de histórias fizemos juntos não?
Assim é a decepção certeira. São relações que entramos já
fadadas ao fracasso e mesmo com essa ciência, arriscamos e arremessamo-nos de
corpo – e pior!- e alma.
Amores não são escolhidos, são plantados pelo destino,
germinam no cair da noite e quando amanhecem dentro de nós, já não há mais o
que fazer. Pena que o seu era mau e só floresceu em mim, erva-daninha.
A dor só deixa de ser dor, quando a sente-se inteira e como
em uma contração renal parece que vamos morrer; e não morremos!
O extremismo faz parte de mim, nunca amei pouco, nunca
sonhei baixo, nunca deixei de planejar e isso tudo nunca me poupou de sofrer
muito. Ser estilhaçada virou praxe, o que me conforta dessa vez na esperança de
sobreviver.
Eu sabia que a queda aconteceria, tentei bater meus braços o
máximo que pude, mas que boba; não sou pássaro. A única asa que eu tinha, era
da nossa imaginação.
Cai, doeu, morri, já deu. Renasça fênix adormecida, essas
cinzas são tua história, e o sangue espalhado, em cada gota tua glória.
Ainda assim, me levanto, ainda assim eu canto, ainda assim
há encanto, sem temer, sem entender, ressurge minha velha mania de querer
novamente viver e ainda que me falte todo o ar, acredito burramente: eu nasci
para amar.
Vital. V.
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