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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Não posso fazer nada.

Ela estava chorando de fronte ao espelho. Eu entrei, me dirigi a pia, deixei a necessaire em um canto. A olhei pelo reflexo, com ar desconfiado. Ela lavava o rosto com tanta força, que me dava a sensação de estar tentando arrancar pela pele, tudo aquilo que lhe valiam as inúmeras lágrimas. Fui ao banheiro em silêncio, como se não quisesse que meus pensamentos atrapalhassem a dor dela. Retornei ao espelho, e enquanto lavava as mãos, ainda acompanhava o processo- ou tentativa – de melhora e recomposição daquela jovem. Ela estava brava com aquela lágrima que insistia em rolar, pesada, tão pesada quanto a barra que ela devia estar segurando. Ela era forte, dá pra saber quando não  quer entregar-se. É um choro doloso, contrariado, contraído,  constantemente sabotado. Eu sentia cada segundo mais, que ela não podia sentir tudo aquilo. Mas não fazia sentido. Estava ali, estava aberto, estava doendo e doendo muito. Os suspiros silenciados eram ensurdecedores, as mangas molhadas gelavam