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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Força: baseado em fatos (MUITO) reais.

E ra uma manhã como outra qualquer. Estava na minha sala, ouvindo algum podcast sobre signos e zerando o tetrix que são as agendas dos diretores. Ainda que de máscara, eu sempre abro meu maior sorriso para as pessoas que cruzam meu caminho. Não sei se é síndrome de Disney ou se de fato tenho um bom coração. Enfim, tanto faz! Vou chama-la de Força, para não expor sua identidade. Força trabalha na área da limpeza e vem todos os dias limpar minha sala. Força sempre elogia minha roupa e o meu cabelo. Força enche minha sala de luz quando entra. Risadas altas, bom humor e uma palavra de afeto. Coisa boa. Coisa rara. Hoje, quando Força chegou, eu estava ao telefone. Apenas sorri e acenei com a cabeça. Já quase na hora de ir, eu desliguei a ligação e disse: “Bom dia minha linda!” – ela prontamente me retribui e disse: “Parabéns por ser assim...”   Daí começa nossa história. Senta e sente comigo...   Força me parabenizou por dar bom dia a ela! Vocês tem noção disso? Ela me contou

Desespero de rimar

Eu me pinto toda:  a cara, o cabelo, o sete - E pra que? Só pra você me notar. Eu cito Parmênides, Heráclito e até Mileto em conversas banais, só pra quem sabe sua atenção ganhar. Eu atravesso junto à idosos, planto árvores, salvo gatos, lavo pratos, engulo sapos só pra você me admirar. Eu escrevo textos,  dedilho cordas, uso fio dental, pra quem sabe assim você me devorar. Eu me rasgo, me desfaço, me arrasto, me encaixo, eu abaixo só pra tentar te alcançar. Eu invento assunto, giro o mundo, crio fundos, conto histórias, partilho meu dia sem graça alguma, na tentativa de te agradar. Eu te beijo inteiro, me ofereço de corpo e alma, nua em pelo pra você me incendiar. Eu acendo velas, bato tambor, planto ervas, subo em vassouras pra tentar te enfeitiçar. Eu saio a noite num rompante gritando aos cantos: Onde é que ele está? Estou exausta, mutilada, esperando até hoje sua hora de voltar. Eu só não sei o que mais fazer pra você meu bem querido, finalmente me amar! Vital, V.

Despedida

 Os pés encharcados e as pernas só inchaço. A alça da bolsa estourou e o cartão bloqueou. O salário não caiu e estou na chuva com muito frio. Meu afeto machucou logo quem ele mais amou. A saúde me esmurra, me arrastando pela rua, me desmonta e me desnuda. Eu grito alto e me mantenho muda. Em casa  a janela está aberta, alagou e já não me afeta. A paixão que me enforca, me enlouquece e sufoca é a única que me importa. Ansiedade já nem se fale, me consome e não me cabe. Eu sou meios, eu sou medos, num rompante que era inteiro. Eu escrevo e nem sou lida, mas tanto faz, é despedida. Eu cansei e estou falida, Dos meus planos e dessa vida. Enquanto teço esses versos, Negocio com o universo, Que em troca dessa mente, Me leve embora pela tangente. Vital, V.