Relatos de uma noite - desastrosa - milagrosa!
Tinha um cheiro doce ( e muito enjoativo!)no ar, risadas escandalosas e estridentes, excesso de simpatia e uma politicagem tão demagoga que minha náusea só aumentava.
Bebi algo que me fez mal. Bom. Forte. Fino.Estranho. Não estou legal.
O viado (literalmente) do meu melhor amigo sumiu na noite com um rapaz de tirar o fôlego.Não tenho como disputar, apesar de estar uma fera!
Uns caras aqui, outro acolá, um papo clichê do tipo "eu tenho", "eu faço", "posso te levar","posso te dar"... E ausência ensurdecedora do "eu sou"!
Eu, meu celular, uma música irlandesa e ali fiquei em solidariedade ao meu amigo (da onça!). Sabe quando você sente que não devia ter saído de casa? Pois é! Mas aquela frase que amolece qualquer coração de uma amiga dedicada e muito parceira é acionada e destrói sua irredutibilidade: " Ah paixão, por favor, vamos, por mim, preciso de você lá,meu ex estará com o novo namorado e não estou pronto pra enfrentar sozinho!". Ok. Lá estava eu, bêbada, irritada e sonolenta.
Um idiota faz uma piada a respeito de idosos, eu em sã consciência já entraria numa discussão mental, baseada em argumentos que fariam aquele infeliz chorar, mas alcoolizada? Discuti como se fosse causa de morte pra mim (e é!), apontei o dedo e levantei a voz. Que vergonha! Sai desnorteada, trançando as pernas e com tanto ódio de estar naquela situação. Sai do bar, que é no lounge de um hotel e fui para a recepção chamar um táxi, que honestamente me dá medo naquela hora da madrugada. Alguns minutos em pé (
Era 4:15 da manhã, as mães do casal estavam lá. Era um choro que me atormentava. Eu fiquei isolada num canto, não era nada ali, mas estava tão triste com tudo aquilo, que chorava baixinho um choro incontrolável e muito discreto. O taxista ficou comigo, em silêncio, me emprestou sua blusa pois eu tremia muito, não era frio, era nervoso. O médico chamou a família e eu fiquei sentada no canto, ninguém dirigia a palavra a mim. Todos comemoraram. A bebê nasceu, prematura,mas bem. Eu levantei, fui até a família e pedi se podia ver a menina. Me olharam torto (acho que era minha roupa curta, minha maquiagem borrada e meu cheiro de bebida, justo!), mas consentiram. Entrei no quarto e Letícia estava lá, com um olhar tão ingenuo e assutado, que por alguns segundos me recordei de alguns momentos da minha vida, ela sorriu com os olhos quando me viu. Agradeceu e conversamos muito, me contou de sua história e o quanto amava Lucas, contou da chegada da bebê e como isso tinha interrompido seus planos. Ela me contou que até aquele momento, essa criança era sinônimo de problema pra ela, mas quando achou que fosse morrer a única coisa que queria era salvar a filha. Nos abraçamos e sai, já com o Sol nascendo.Na porta do hospital a mãe da garota me chamou e disse: "Moça, venha ver minha neta, minha filha mudou o nome escolhido, que era Luana e batizou como Vitória!". Não aguentei e cai em prantos. Fui ver o meu milagrezinho de perto. Linda. E de uma noite desastrosa fez-se um dos capítulos mais bonitos da minha história.
Um brinde ao destino.(
"Tem perdas na vida, que a gente só ganha"
Vita.V.
É assim que se escreve uma história com V de Vitória! ;)
ResponderExcluirEssa eu choro, toda vez que recordo! :)
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