Nossa Eternidade
Desenhamos formas no ar, as pontas dos dedos
dançavam entre o nada, de forma desajeitada, se tocavam, entrelaçados, unindo
ali, energia singular.
Ele tinha um cheiro bom, mas o hálito dele era
o que encantava, tinha um adocicado quase enjoativo, que me dava uma pontada no
fundo da garganta. Ele falava baixinha, com uma rouquidão de arrepiar cada fio
do meu corpo. A pontinha do nariz gelado, roçava carinhosamente pela minha
face, causando choque térmico na minha pele fervente. Dizem que não temos
controle sob as horas, mas naquele momento, eu sei que os minutos congelaram
tamanho frio na minha barriga. O ar era denso, nossos movimentos em câmera
lenta, o quarto escuro estava iluminados pelas luzes da cidade que não dorme.
Os corpos estavam exaustos, nus, suados, ofegantes e em nó. Não se sabia onde
começava um e terminava o outro, e na boa? Eu não queria descobrir.
Eu não sei se era Chico ou se era Caetano, mas
era bossa, era blues. Risadas eufóricas, câimbra nas bochechas, silêncios
cheios de tudo, olhares desbravadores, que me invadiam e fuzilavam.
Eu só queria não sair dali, nunca mais, deitada
naquela cama, ver aqueles fios acobreados se tornarem brancos entre meus dedos,
sentir aquela pele lisa e húmida, enrugar entre minhas pernas, segurar aquelas
mãos firmes até ficarem trêmulas. Eu queria o pra sempre ali, só nós dois.
Aquele universo impar, nosso, supria todas as necessidades e anseios do meu
corpo e alma. Mas fracos, adormecemos e não conseguimos segurar o tempo entre nós
e ele passou.
Vital,V.
"...Não se sabia onde começava um e terminava o outro, e na boa? Eu não queria descobrir..." <3<3<3<3<3 L.
ResponderExcluir<3 L.
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