CORTAR
Sempre fui bem vista pelos que me rodeiam, como quem sabe resolver as
situações mais adversas que a vida apresenta. E realmente aprendi a lidar bem
com elas. Driblo uma aqui, mato outra no peito, escondo algumas acolá e vou
levando, com vários arranhões, mas vou levando...
Difícil mesmo é sair da nossa zona de conforto e segurança e se jogar em
realidades incertas!
Não sei administrar a idéia de não ser “o amor da vida” de alguém , a
“melhor amiga de todos os tempos”, a “profissional
exemplar”, a “filha perfeita”, a “estudante notória”. Acostumada a ocupar
esses cargos, com excelência, o fato de não ser unanime me destrói. Porque ele
não me ama até a morte? Porque ela tem outras amigas? 9,5? Inadmissível!
Me libertar dos grilhões da auto - critica tem sido o desafio do século. São tantas
cobranças e expectativas enraizadas, que me consomem diariamente; Qual o meu
problema?
Vários.
Olhar para dentro e redescobrir que não sou um robô, revirar os cantos
empoeirados da minha alma e me deparar com misérias escondidas embaixo da
mesinha de canto tem sido essencial para uma evolução; e despertar meus
demônios adormecidos (e amordaçados!) tem sido a minha revolução.
Resolvi cortar: medos, pessoas, alimentos, álcool, roupas, amores,
desamores, expectativas, desejos, os cabelos... Pra não cortar os pulsos!
De todas as pessoas que já conheci, poucas me deram medo, uma única me
deu pavor: essa que vos fala! E é contra essa minha luta. E sob essa que será
minha glória.
Sem parar, sem cessar, sem cansar... Vou lapidar (doendo onde doer!) meu
diamante e amanhecer brilhando mais forte, ofuscando toda a treva que ainda me
assombra.
Vital, V.
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