Pular para o conteúdo principal

Viagem ao centro de si!



Nada move mais o ser humano, desde que o mundo é mundo, do que a busca do auto entendimento.
Vivemos numa busca constante dos próprios lares, das próprias convicções e de nossas verdades.
Sei que o tema é complexo e muito enraizado, singular e nada genérico, mas ainda assim, arrisco-me a falar sobre; Por diversas vezes nos encontramos em uma viagem interior, como se adentrássemos uma aeronave e embarcássemos em uma jornada ao desconhecido. Ora escuro,  no breu, ora cheia de luz e coisas lindas.
Sempre que resolvo me entender, visualizo meu interior como o universo, cheio de galáxias inabitadas. Uma viagem solitária e, porque não, assustadora.
Deparar-se com os próprios demônios não é nada fácil - tampouco agradável-; Pousar na galáxia dos medos então, desesperador.
Navegar pelos sonhos, desejos secretos, recordações e certezas também pode ser perigoso. A limpeza interior, a lapidação da alma são tarefas árduas e dolorosas. Mexem diretamente na nossa estrutura.
Arrancar as ervas daninhas do coração, faz sangrar, e não é todo dia que queremos faze-la! Mas é necessário, se não, do contrário, todo  nosso ser vai se envenenando e sendo tomado  de coisas ruins.
A vida nada mais é do que essa eterna busca de si, um auto resgate, do conhecer-se, um novo encontro e nem sempre estamos preparados para isso. Porém, quando aprendemos nossos acessos e caminhos, todo o externo se torna mais simples, pois a riqueza interior é tão imensa que transcende e se sobressai a todas as adversidades.

Quando estamos em paz, mesmo que em construção, pouca coisa nos abala, nos derruba ou nos enfraquece.  Uma dose de paciência, alicerçado a uma dose maior de persistência, potencializam esse convergência "eu -eu mesmo" e nos impulsionam para a próxima fase dessa viagem, que honestamente, não pode cessar.


Vital.V.

Comentários

Os queridinhos.

Eu precisava ter...

Eu precisava ter sido a última a ser escolhida para a festa junina durante toda a minha infância. Eu precisava ter tropeçado na quadra durante a educação física no último ano do Fundamental e feito todos os garotos darem risada. Eu precisava ter presenciado cenas de agressão física e moral dentro da minha casa. Eu precisava ter visto minha mãe chorar durante noites a beira da minha cama. Eu precisava ter deixado uma mala pronta no armário ao longo dos anos, caso precisasse fugir repentinamente. Eu precisava ter ouvido que eu não podia ir à casa da Vanessa, pois a mãe dela não aceitava colegas com pais separados. Eu precisava ter sido excluída da lista da festa de debutante da Dai pois não atendia ao padrão estético das outras meninas. Eu precisava ter me sentido a pior das garotas. Eu precisava ter enfiado o dedo na gargant a diversas vezes, pois tinha ódio do meu corpo e vergonha de mim. Eu precisava ter me submetido a relacionamentos abusivos por não me sentir dign

Eu chorei pelo sistema.

Uma tarde fria de um domingo qualquer. Tudo acontecia lá fora como sempre aconteceu. As horas passavam, as pessoas grassavam gozando do seu direito de ir e vir, a fome assentava, o medo imperava, a angústia antecedente a segunda adentrava, enfim... Só mais um dia “normal”. E eu chorei.     Não no sentido poético, não de forma alegórica. [ Foi literal, foi visceral] Venho chorando desde então   - dia após dia -   de forma lancinante e,  desculpem-me a sinceridade, mas um tanto quanto colérica. Eu já chorei com Homero, Virgílio e Cervantes. Também com Drummond, com Flaubert e Assis. Hoje eu choro com Coetzee, Trotsky, Amendola, Bakunin e Marx. {Choro as lágrimas de Brecht.} Choro o sangue de Spies ,Parsons, Fischer e Engel.   Choro  ainda mais pelo João, pelo Zé, pelo Sr. Pedro, pela Dona Maria, pela Luisa, pelo Oswaldo, pelo (...) . Choro pelos meus filhos – pobrezinhos - que nem gerados foram e já estão condenados a exploração. Choro pela injustiça masca

E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa