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Sangue vermelho, vivo, quente!



Eu gosto tanto de gente calorosa, daquelas que chegam abraçando tudo o que veem pela frente:  pessoas, oportunidades, problemas alheios, carências, medos e sonhos.
São essas benditas desgarradas que me motivam a acreditar na vida. São pessoas de verdade, que amam de verdade, que se entregam de verdade e que se arrebentam de verdade.
Os muros estão ai, nem observo os que ficam em cima dele, foco meu tempo nos loucos que tentam atravessa-los, seja no chute, cabeçada, portas alternativas, escaladas, mas que adentram o outro lado, voltam para trás quantas vezes quiserem. Arrisco a dizer que corre groselha sonsa em certas veias por ai.  Pessoas são feitas de sangue, vermelho e quente, que corre,lateja, queima e movem. Essas são vivas.   Essas merecem meus escritos e minha atenção. Pessoas que bagunçam, desmontam suas casas, esvaziam suas caixas, enchem de confete, sujam de cor as paredes brancas, riscam o chão cinza e amam os improváveis.
Admiro pessoas que não tem medo da morte, ao contrário, tem curiosidade. Eu tenho. Adoro perguntas sem respostas, pois tomo posse de cada uma, reinvento-as e distribuo, dissiminando minhas verdades, minha poesia, minhas erronias livres e desconexas por ai.
Colecionadora de cicatrizes, admiro os desenhos que formam em minha alma. Me deixam diferente, te fazem único. Morro de medo de sentir medo. Cruzes! Longe de mim. Sentir tudo o que me cabe: MEUS AMORES, MINHAS DORES. São minhas, vou saborear uma a uma e ponto, acabou!
Me vira a cabeça pessoas que pagam pra ver, que apostam todas as fichas e se precisarem endividam-se por tentar, que dão a cara tapa ( e os cabelos a puxões!), que partem pra cima, que tem a proeza de serem quem são e mais ainda, a garra de buscarem ser quem gostariam de ser.





Vital, V.

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E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa