Sorriso desceu do carro em prontidão, me olhou nos olhos por
alguns segundos, senti seu hálito quente bem próximo a minha boca, causando um
misto de sensações como calafrios e arrepios, simultâneos a um fervor que tomou
conta de todas as partes do meu corpo, amolecendo-me por completo.
Entrei em seu carro calada, constrangida e muito, muito
tensa.
Sorriso ligou o som e partimos; sem rumo, sem prumo, sem
nada.
No caminho conversamos como se nada de muito estranho
estivesse acontecendo, falamos sobre o escritório e problemas com fornecedores.
Ríamos por qualquer bobagem, naquele riso incontrolável de vergonha absoluta.
Paramos em um restaurante refinado, aparentemente um bistrô,
quando perguntei:
- É aqui que vamos?
-Sim, escolhi o melhor restaurante da cidade! – disse já
desatando o cinto do carro.
- Desculpe, mas não gosto desse tipo de ambiente! Não sou
como as garotas finas que você costuma sair, mas tenho que ser sincera, não sei
nem o que pedir em um lugar desses! – respondi impetuosa e sem filtro. Que
droga. Uma estúpida.
- Nossa, desculpe eu só quis agradar, fiquei pensando onde
levar você e achei aqui tão assertivo...” – gaguejou constrangido.
- Entendo, desculpe, mas podemos tomar uma cerveja em algum
PUB, algo mas informal, estou de jeans, me sentiria melhor!
Vi os olhos de Sorriso brilharem e a saliva descer a seco.
Ele riu e coçou a cabeça.
- Você é muito autentica!
Sorri e seguimos.
Chegamos em um PUB pequeno, no centro da cidade, pedimos uma
cerveja e começamos a conversar.
O papo fluiu misticamente bem, tínhamos um timing de
arrepiar, ele mais inocente, eu um pouco mais sagaz, mas mesmo assim nos
encontrávamos.
Já estava um pouco zonza, há tempos não bebia, achava graça
de tudo que Sorriso falava, a forma como interagia com os garçons, as observações
sobre as músicas nada convencionais, eu gostava cada segundo mais dele, era um
crescente em disparada, tinha vontade de me arremessar nos braços dele e em toda
a imensidão de bondade que eu enxergava em minha frente.
A abordagem dele era sutil, quase subjetiva, não conseguia
ler o que ele queria de mim, suas intenções não eram claras, mas fossem quais
fossem, as minhas com ele, ah dessas eu não tinha dúvidas.
Levantei para ir ao toalete, quando um rapaz me abordou, com
aquele papinho de boate, eu me desvencilhei, mas em questões de instantes Sorriso
já estava me abraçando por trás e perguntando se havia algum problema. Sai as
pressas com ele dali e perguntei que maluquice era aquela. Ele meio tonto
disse:
-Fiquei com ciúmes, desculpa!
Dei risada, vibrei e puxei-o para dançar. Eu queria muito
ser dele.
To be Continued...
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