Depois de mais alguns drinques, olhares e
passos já cambaleados, propus a ele que fossemos embora. Estava disposta a
viver aquela noite com ele.
No carro, já rolavam caricias, mãos
entrelaçadas e provocações mais explicitas, sugeri que ficássemos juntos– sim,
a iniciativa bem resolvida e cheias de riscos foi minha- e ele topou de prontidão.
Fomos para casa dele e por um momento me
senti tão parte daquilo tudo, como se em algumas horas ele já fosse meu e não
tinha a menor intenção de devolve-lo a quem quiser que fosse.
Sentei-me no braço do sofá, ele se atirou
ao meu lado. Sentia nele uma agonia tão latente, que me angustiava por tabela.
Iniciei em silencio uma massagem em seus
ombros, cantarolando baixo uma cantiga em seu ouvido. Senti seus músculos aliviando
aos poucos e seu semblante suavizando lentamente. Em um determinado ponto, ele
me puxou para seu colo e finalmente me beijou com paixão.
Começamos a nos despir com uma pressa sem
sentido, no meio da loucura, quando finalmente caímos na cama, o sorriso se transformou em lágrimas e desabou:
-Não consigo, me desculpe, não dá!
Levei um susto e já me recompus; sentei-me
ao seu lado e perguntei o que estava acontecendo.
Sorriso começou a contar uma história, que
seria ali, um dos maiores desafios da minha vida.
Me contou que estava com um tumor e que
tinha medo de iniciar o tratamento, estava no dilema entre lutar ou
simplesmente aceitar seu destino. Falou dos sonhos que havia interrompido pela
falta de expectativa e do seu medo de se envolver com alguém.
Abracei-o bem forte e disse, que de alguma
maneira, estaria com ele, o tempo, a circunstância e a condição que fosse.
Adormecemos.
Vital, V.
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