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(...) Sentei-me em frente ao  computador e vi a imagem de Santiago na tela, ele não sai da minha cabeça, do meu corpo, seu cheiro está impregnado em mim. Por quê? Por que me tratou com tanta indiferença, o que será que aconteceu no fim daquela noite que  a pudesse tê-la estragado? Mas se algo de ruim aconteceu, porque ele me deixou aquele bilhete? Tantas dúvidas, que agonia tamanha...

Hoje escreverei sobre bipolaridade: 

“De acordo com a Wikipédia, o distúrbio bipolar é uma forma de transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca que são estágios diferentes pela gradação dos seus sintomas, hiperatividade física e mental, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar ideias, e ansiedade ou tristeza. Juntos estes sintomas são comumente conhecidos como depressão maníaca. Mas de acordo com a minha concepção, são seres com alma tão grande, capazes de comportar duas pessoas distintas dentro de si. Imagine o tamanho do duelo dentro de uma pessoa com bipolaridade, um querendo ser o dois e o dois querendo ser o um. Uma briga onde você sai perdendo em qualquer circunstância, não constrói raízes, pois tudo o que um planta o outro destrói. Mas como se auto mutilar, para destruir seu destruidor? É a contradição, impondo condição e exigindo atenção! Tenho pena, profunda pena dos bipolares, pois são pessoas fantásticas, que atraem e afastam com a mesma intensidade. Não podem amar mais de um dia, pois o desamor toma conta pela manhã, não podem ser cruéis e livres de culpa, pois a mansidão retoma sem avisar. Podem ser apaixonantes e desprezíveis no virar de uma madrugada. Tamanha solidão habita, em uma alma preenchida por dois seres distintos!”

Dei meu ultimo soluço junto ao ponto final. (...)

To be continued...


-Trecho do Livro “Tão Clara que ofusca”-Vital,V-Capítulo 3.-

Comentários

Os queridinhos.

Eu precisava ter...

Eu precisava ter sido a última a ser escolhida para a festa junina durante toda a minha infância. Eu precisava ter tropeçado na quadra durante a educação física no último ano do Fundamental e feito todos os garotos darem risada. Eu precisava ter presenciado cenas de agressão física e moral dentro da minha casa. Eu precisava ter visto minha mãe chorar durante noites a beira da minha cama. Eu precisava ter deixado uma mala pronta no armário ao longo dos anos, caso precisasse fugir repentinamente. Eu precisava ter ouvido que eu não podia ir à casa da Vanessa, pois a mãe dela não aceitava colegas com pais separados. Eu precisava ter sido excluída da lista da festa de debutante da Dai pois não atendia ao padrão estético das outras meninas. Eu precisava ter me sentido a pior das garotas. Eu precisava ter enfiado o dedo na gargant a diversas vezes, pois tinha ódio do meu corpo e vergonha de mim. Eu precisava ter me submetido a relacionamentos abusivos por não me sentir dign

Eu chorei pelo sistema.

Uma tarde fria de um domingo qualquer. Tudo acontecia lá fora como sempre aconteceu. As horas passavam, as pessoas grassavam gozando do seu direito de ir e vir, a fome assentava, o medo imperava, a angústia antecedente a segunda adentrava, enfim... Só mais um dia “normal”. E eu chorei.     Não no sentido poético, não de forma alegórica. [ Foi literal, foi visceral] Venho chorando desde então   - dia após dia -   de forma lancinante e,  desculpem-me a sinceridade, mas um tanto quanto colérica. Eu já chorei com Homero, Virgílio e Cervantes. Também com Drummond, com Flaubert e Assis. Hoje eu choro com Coetzee, Trotsky, Amendola, Bakunin e Marx. {Choro as lágrimas de Brecht.} Choro o sangue de Spies ,Parsons, Fischer e Engel.   Choro  ainda mais pelo João, pelo Zé, pelo Sr. Pedro, pela Dona Maria, pela Luisa, pelo Oswaldo, pelo (...) . Choro pelos meus filhos – pobrezinhos - que nem gerados foram e já estão condenados a exploração. Choro pela injustiça masca

E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa