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Amor igual ao teu, eu nunca mais terei...”

Nando Reis, acredito que precipitadamente, compôs essa canção se referindo a uma pessoa especifica, provável que no auge de sua paixão (e arrependimento, por ter ido embora e agora querer resgatar o que perdeu!), acreditando piamente que nunca mais amaria alguém como amou ou ama essa tal.
Desculpe-me a ousadia de contestar tamanha genialidade, venho humildemente, apenas fazer um adendo.

Quantas pessoas somos capazes de amar na vida? E amar simultaneamente? E quantas vezes somos capazes de nos refazer? Você respondeu finitas? Eu acho que não...
Amor é um troço que realmente não se mede, não se pede e nunca, jamais, de maneira alguma se repete! O fórmula matemática você + eu = uma reação química, é assim, como uma arcada dentária ou uma digital, única e que representa quem vocês são, ou serão ou apenas foram. Cada ser humano que passa em nossa vida, desperta em nós sensações e sentimentos singulares.
Os mais experientes, já logo percebem uma cilada, tem a sensação de “eu já vivi isso e sei aonde vai dar”! Pobrezinho, sabe nada! As pessoas tem traços em comum, mas essências, valores, histórias, genes e personalidades completamente opostas, e ela vai despertar em você, algo que só ela tem capacidade. Afinal, a matemática é exata.

Sabe aquele amor da vida? Esse mesmo, que você emoldurou e pendurou na parede dizendo que nunca mais seria capaz de sentir igual? Então, você não vai sentir mesmo! Mas vai sentir diferente, o novo, os cheiros, os gostos, os toques. O que precisamos é reabrir as portas do coração e deixar a luz entrar. A luz ilumina e te mostra o que precisa de reparos. Um local trancado, só cria mofo, embolora e faz sombra.
Por um mundo onde não tenhamos tanto medo de pagar o preço e sim, que corramos os riscos. Onde os doutores peritos no assunto, não amarguem o que é doce. Que as experiências consideradas ruins, sejam reavaliadas e os inquéritos reabertos. Reviremos nossas gavetas e caixas de recordações e percebamos o quão bom aquilo foi. Se não tivesse sido bom, não chegaria ao ruim. As coisas só se tornam ruins, pois nos decepcionamos, e se nos decepcionamos é porque um dia foi bom. Mania burra de só guardar na história o que dói mais.
Sangue correndo nas veias. Amar quantas vezes quisermos. Em uma sociedade carente de amor, levanto a bandeira contra o aborto do sentimento, aniquilado de forma cruel ainda no ventre, sem dar a chance de florescer e seguir seus desígnios.

“less fear, more love”




Vital, V.

29/09/2014

Comentários

  1. "As pessoas tem traços em comum, mas essências, valores, histórias, genes e personalidades completamente opostas" Sim , sim , sim

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Os queridinhos.

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E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa