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Mensagem Deletada

"Oi, poxa, quanto tempo, como vc está?"- Mando ou não mando? Apago tudo.

Abro sua janela, dou zoom da sua foto, estremeço com seu status Online, revejo seus emails, dou risada daquela piada guardada na memória, arrepio ao som daquela música que me mandou na última fuga, desenterro fotos, gostos, cheiros, promessas...

A culpa foi minha e eu nem me arrependo efetivamente, mas hoje eu queria você, nós, aquele mundo estranho, com gostos esquisitos que só acontecia na soma eu + você.

To com saudades do que vivemos, do que sonhamos, do que projetamos, mas nada dá mais saudades do que eu nem deixei acontecer.

E como seria? E se eu tivesse ficado? E se eu fosse de vez? E se... e se...
eis ai o malefício da MINHA dúvida. Aguenta.

Eu não posso recuar. Nada mudou, ainda sou a mesma que disse vai, mesmo por dentro querendo que sua teimosia prevalecesse e você ficasse. Não posso fazer isso com a gente. Tenho de açoitar meus dedos diariamente para que eles não corram a sua procura.

Poxa, me desobedeça, bata na minha porta de madrugada debaixo de chuva, daquele jeito enlouquecido que só você tem, tire de mim todas as opções, me roube, sequestre, desmonte, mas seja a coragem que cala minha eterna covardia. Sem você é cinza, poucos tons, meio sonso, meio sem vida...

...Apagando mensagem.

Comentários

  1. Belo texto, como sempre traduzindo o sentimento de milhares em alguns parágrafos.
    Fato é que por ironia da vida ou não a máxima de que a dúvida é um "beneficio" não fica de pé nessa circunstância.

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  2. Belo texto, como sempre traduzindo o sentimento de milhares em alguns parágrafos.
    Fato é que por ironia da vida ou não a máxima de que a dúvida é um "beneficio" não fica de pé nessa circunstância.

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  3. Até porque, vejo poucos benefícios na dúvida.Fato é, tenho de lidar com ela.
    Bom te ver por aqui.
    ;)

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Os queridinhos.

Eu precisava ter...

Eu precisava ter sido a última a ser escolhida para a festa junina durante toda a minha infância. Eu precisava ter tropeçado na quadra durante a educação física no último ano do Fundamental e feito todos os garotos darem risada. Eu precisava ter presenciado cenas de agressão física e moral dentro da minha casa. Eu precisava ter visto minha mãe chorar durante noites a beira da minha cama. Eu precisava ter deixado uma mala pronta no armário ao longo dos anos, caso precisasse fugir repentinamente. Eu precisava ter ouvido que eu não podia ir à casa da Vanessa, pois a mãe dela não aceitava colegas com pais separados. Eu precisava ter sido excluída da lista da festa de debutante da Dai pois não atendia ao padrão estético das outras meninas. Eu precisava ter me sentido a pior das garotas. Eu precisava ter enfiado o dedo na gargant a diversas vezes, pois tinha ódio do meu corpo e vergonha de mim. Eu precisava ter me submetido a relacionamentos abusivos por não me sentir dign

Eu chorei pelo sistema.

Uma tarde fria de um domingo qualquer. Tudo acontecia lá fora como sempre aconteceu. As horas passavam, as pessoas grassavam gozando do seu direito de ir e vir, a fome assentava, o medo imperava, a angústia antecedente a segunda adentrava, enfim... Só mais um dia “normal”. E eu chorei.     Não no sentido poético, não de forma alegórica. [ Foi literal, foi visceral] Venho chorando desde então   - dia após dia -   de forma lancinante e,  desculpem-me a sinceridade, mas um tanto quanto colérica. Eu já chorei com Homero, Virgílio e Cervantes. Também com Drummond, com Flaubert e Assis. Hoje eu choro com Coetzee, Trotsky, Amendola, Bakunin e Marx. {Choro as lágrimas de Brecht.} Choro o sangue de Spies ,Parsons, Fischer e Engel.   Choro  ainda mais pelo João, pelo Zé, pelo Sr. Pedro, pela Dona Maria, pela Luisa, pelo Oswaldo, pelo (...) . Choro pelos meus filhos – pobrezinhos - que nem gerados foram e já estão condenados a exploração. Choro pela injustiça masca

E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa