Pular para o conteúdo principal

Sobre amores demasiados!

Os anos me trouxeram maturidade e uma certa serenidade até então, desequilibrada!
Hoje consigo manter relações duradouras com um pouco mais de tranquilidade e comedir minhas ações com rotina!

Entretanto, eu preciso morrer de amor! Desculpe-me aos "vivos-sóbrios", mas eu necessito viver morrendo de amores por ai!

Gosto de engolir pessoas,absorver almas, histórias, esmiuçar feridas e traumas, me infiltrar nos pensamentos e cantos mais obscuros de suas intimidades. Eu gosto mesmo é da ânsia abominável de se apaixonar, do nó na garganta do difícil, da delícia do proibido, eu gosto mesmo é do que faz vibrar, arder, molhar, transbordar,transcender...

Quero amar até a última gota de suor, quero sangue,unha,beijos,lágrimas,dentes,cabelo,cheiro,brigas,rolos e desenrolos! 

Eu quero e pronto!

Eu quero o novo, o velho, quero ressuscitar o morto, parir no novo, conceber o diferente, mas eu preciso, me entenda, eu preciso morrer de amor!

Amar a cada respiro, a cada sussurro, amar demasiadamente todos os amores possíveis e mais ainda os impossíveis...


























Vital,V.

Comentários

  1. Muito bom , seu texto flui de uma forma muito gostosa....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, escrevo como se estivesse falando com um conhecido de anos, talvez seja isso! :)

      Beijos Dani

      Excluir
  2. Seus textos tem vida própria, o vocabulário é universal, mas é muito louco como você roubas as palavas do mundo e fazem com que elas pareçam serem escritas pela primeira vez.

    O acumulo dessas experiências e quisa vidas passadas transborda através de cada texto redigido aqui.

    Aceita-se um reino para se beber direto dessa fonte?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Os queridinhos.

Eu precisava ter...

Eu precisava ter sido a última a ser escolhida para a festa junina durante toda a minha infância. Eu precisava ter tropeçado na quadra durante a educação física no último ano do Fundamental e feito todos os garotos darem risada. Eu precisava ter presenciado cenas de agressão física e moral dentro da minha casa. Eu precisava ter visto minha mãe chorar durante noites a beira da minha cama. Eu precisava ter deixado uma mala pronta no armário ao longo dos anos, caso precisasse fugir repentinamente. Eu precisava ter ouvido que eu não podia ir à casa da Vanessa, pois a mãe dela não aceitava colegas com pais separados. Eu precisava ter sido excluída da lista da festa de debutante da Dai pois não atendia ao padrão estético das outras meninas. Eu precisava ter me sentido a pior das garotas. Eu precisava ter enfiado o dedo na gargant a diversas vezes, pois tinha ódio do meu corpo e vergonha de mim. Eu precisava ter me submetido a relacionamentos abusivos por não me sentir dign

Eu chorei pelo sistema.

Uma tarde fria de um domingo qualquer. Tudo acontecia lá fora como sempre aconteceu. As horas passavam, as pessoas grassavam gozando do seu direito de ir e vir, a fome assentava, o medo imperava, a angústia antecedente a segunda adentrava, enfim... Só mais um dia “normal”. E eu chorei.     Não no sentido poético, não de forma alegórica. [ Foi literal, foi visceral] Venho chorando desde então   - dia após dia -   de forma lancinante e,  desculpem-me a sinceridade, mas um tanto quanto colérica. Eu já chorei com Homero, Virgílio e Cervantes. Também com Drummond, com Flaubert e Assis. Hoje eu choro com Coetzee, Trotsky, Amendola, Bakunin e Marx. {Choro as lágrimas de Brecht.} Choro o sangue de Spies ,Parsons, Fischer e Engel.   Choro  ainda mais pelo João, pelo Zé, pelo Sr. Pedro, pela Dona Maria, pela Luisa, pelo Oswaldo, pelo (...) . Choro pelos meus filhos – pobrezinhos - que nem gerados foram e já estão condenados a exploração. Choro pela injustiça masca

E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa