Foi em meio a uma crise de choro sem ninguém por perto, após enxugar o rio de lágrimas que desaguavam sob meu rosto, que eu entendi o meu papel na minha vida.
Foi quando tive de me acalmar em meio a uma crise de ansiedade, que eu entendi a minha importância na minha vida.
Foi quando tive medo do barulho estranho vindo do outro cómodo e mesmo assim me levantei no escuro para ver o que era, que eu entendi minha coragem na minha vida.
Foi quando quebraram meu coração em mil pedaços e viraram as costas, que entendi que as pessoas não se importam de fato.
Foi recolhendo cada caco, me cortando, me doendo, espalhando e sangrando, que entendi que só sobra a gente mesmo.
Foi levantando, me reerguendo, tropeçando, aprendendo, cambaleando, que entendi que sou dona dos meus próprios passos.
Foi quando minha coluna travou e eu não tinha quem pegasse um remédio para mim, que eu entendi que era unicamente responsável pelo meu todo.
Foi quando as pessoas partiram levando consigo partes de mim, que entendi que não deveria me despedaçar por ninguém.
Foi quando sentei e chorei na calçada depois de passar mal no vestibular e as pessoas pularam o meu corpo como se eu não estivesse ali, que entendi como esse sistema funciona.
Foi silenciando minha mente, que escutei minha voz.
Foi correndo o mais rápido que pude que percebi que o destino é a morte.
Foi num ato de desamor e desrespeito ao meu afeto mais genuíno que percebi o que eu não queria mais pra mim.
Foi tentando te encontrar, que eu me perdi.
Foi quando a solidão me invadiu, tomando forma e cor, que me vi livre de expectativas.
E foi quando não sobrou nada, absolutamente nada, que eu pude contemplar o tudo.
Tudo aquilo que habita em mim.
Vital, V.
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