Eu vivo me redobrando. Me desdobrando.
Me esticando. Policiando. Tentando...
Agora está silêncio. Já é tarde. Tem um blues tocando baixinho no som do carro. A cidade não para, assim como eu. Mas agora tudo está estranhamente silencioso. O moço que dirige o Uber diz que estou com cara de cansada. É um gesto de compaixão. Mas me faz refletir...
Eu vivo correndo! Corro, corro e corro. Como um ratinho de gaiola. Assim como ele, já nem sei pra onde estou indo, só sei que preciso correr. Rápido, ritmado e constante!
Nesse exato momento eu zerei minhas notificações nas mil redes sociais que alimento e me alimento. Não há uma única janela no WhatsApp me chamando.
Não tem ninguém precisando do meu trabalho.
Não tem ninguém precisando da minha atenção.
Não tem ninguém precisando do meu humor.
Não tem ninguém precisando do meu raciocino.
Não tem ninguém precisando do meu amor.
Ufa!
Por um minuto eu me pertenço.
Eu sou só minha. Ah que saudade de mim!
Não preciso agradar NINGUÉM. Não preciso estar pronta e nem saber o que dizer.
Não preciso ser eficiente e nem interessante.
Não preciso ser dedicada e desconstruída.
Não preciso ser educada e nem gentil.
Não preciso ser firme e coerente.
Eu simplesmente não preciso de nada.
Agora, nesse momento, sou eu e meu botões, eu e meus borrões, eu e minhas condições, eu e minhas confusões, eu e minhas distrações, eu e minhas paixões...
Sou eu, entre mil diversões, sou eu!
Que saudade do som da minha própria voz - interior, escrita, sentida.
Vital,V.
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