Eu me olhei.
{Por fora
Por dentro}
Sentada de fronte ao espelho.
{Do banheiro.
Da alma..
Da sociedade.}
Eu decidi me perdoar.
{Cada parte do meu corpo.
Cada parte da minha autoimagem.
Cada cicatriz.
Cada curva que me fez
colidir na corrida desenfreada que
vinha travando
contra a mim mesma.}
Sentada de fronte ao espelho, eu me despi.
{Dos trajes
Dos traumas
Das rejeições
Da mutilação
Dos padrões
Das lembranças
Da vergonha de ser quem sou}
Nua, eu me toquei.
{Nos seios que não são simétricos e nem estampáveis em revistas,
mas que abrigam um coração que sente o outro, se dá pelo próximo, que mesmo
golpeado, bombeia esperança, paixão e revolução.
Nas pernas, que não tornearam como um dia sonhei, mas
sustentaram tudo aquilo que carreguei pra chegar aqui. Pra ser quem sou. E que
agora faz sentido...
Na barriga, que não trincou, mas serviu de colo para os meus,
de travesseiro nas noites frias, que reside borboletas e um dia será ninho para
meus pósteros...
No rosto, que tentei por vezes modificar e distorcer, que
apanhou tanto de mim mesma, que carrega meu sorriso mais sincero, o brilho nos
meus olhos quando luto pelo que acredito e minha boca, que não me permite mais
silenciar as dores tamanhas que ainda sinto.}
E foi assim, um dia, uma tarde, uma noite, que eu decidi me
perdoar.
Libertar meu corpo e minha alma pra que voasse.
Pra que eu
me entendesse.
Pra que eu me admirasse.
Pra que eu fosse livre.
Pra que cada linha dele tivesse novo sabor, novo perfume,
nova textura.
Sentada de fronte ao espelho, nua, eu me toquei. Eu me amei.
Eu senti o prazer da minha presença. Me inundei dele.
Expandi.
Elevei.
Agora sou maior.
E mais capaz de amar.
A mim, ao outro... A ti.
Ainda bem, remição.
Vital,V.
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