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Coragem.

Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele .
Nelson Mandela

Estava na fila da cafeteria pela manhã. Logo a minha frente estava o amor da minha vida -  não sei seu nome, então preferi chamá-lo assim - aguardando sua vez de passar no caixa.
Fiquei ali observando cada detalhe que nele existia; encantada com o contraste da tatuagem escapulindo pela manga da camisa dobrada, as mãos grandes e bem desenhadas, a barba mal cortada, a nuca... Ah a nuca... Ele me olhou, sorriu e saiu. Enfim, talvez o homem da minha vida estivesse ali, na minha frente, a dois cappuccinos de distância e eu nada fiz.

         Esse fato, incomodo, me levou a uma reflexão e agora te convido a vir comigo:

E SE TIVÉSSEMOS CORAGEM?

E se tivéssemos coragem de falar com quem queremos?

E se tivéssemos coragem de tentar o que julgamos improvável?

E se tivéssemos coragem de nos posicionar frente ao que não concordamos?

E se tivéssemos coragem de  encarar nossos medos?

E se tivéssemos coragem de enfrentar nossos opressores?

E se tivéssemos coragem de dar aquele passo que ansiamos desde sempre?

E se tivéssemos coragem de nos olhar de frente?


Quantos flores colheríamos?
Quantas flores deixamos no caminho?

Como seria nossa vida hoje?

                                             E  se,                   e se,                                 e se...

Coragem sempre foi associada a loucura. 
                                   Hoje entendo que ela é necessária.

Respirar

                Fechar os olhos

                                   Abrir a alma

                                                  Soltar as mãos

                                                                         Bater asas.

coragem pra voar, fé para pousar!



Vai...




Vital, V.

Comentários

Os queridinhos.

Eu precisava ter...

Eu precisava ter sido a última a ser escolhida para a festa junina durante toda a minha infância. Eu precisava ter tropeçado na quadra durante a educação física no último ano do Fundamental e feito todos os garotos darem risada. Eu precisava ter presenciado cenas de agressão física e moral dentro da minha casa. Eu precisava ter visto minha mãe chorar durante noites a beira da minha cama. Eu precisava ter deixado uma mala pronta no armário ao longo dos anos, caso precisasse fugir repentinamente. Eu precisava ter ouvido que eu não podia ir à casa da Vanessa, pois a mãe dela não aceitava colegas com pais separados. Eu precisava ter sido excluída da lista da festa de debutante da Dai pois não atendia ao padrão estético das outras meninas. Eu precisava ter me sentido a pior das garotas. Eu precisava ter enfiado o dedo na gargant a diversas vezes, pois tinha ódio do meu corpo e vergonha de mim. Eu precisava ter me submetido a relacionamentos abusivos por não me sentir dign

Eu chorei pelo sistema.

Uma tarde fria de um domingo qualquer. Tudo acontecia lá fora como sempre aconteceu. As horas passavam, as pessoas grassavam gozando do seu direito de ir e vir, a fome assentava, o medo imperava, a angústia antecedente a segunda adentrava, enfim... Só mais um dia “normal”. E eu chorei.     Não no sentido poético, não de forma alegórica. [ Foi literal, foi visceral] Venho chorando desde então   - dia após dia -   de forma lancinante e,  desculpem-me a sinceridade, mas um tanto quanto colérica. Eu já chorei com Homero, Virgílio e Cervantes. Também com Drummond, com Flaubert e Assis. Hoje eu choro com Coetzee, Trotsky, Amendola, Bakunin e Marx. {Choro as lágrimas de Brecht.} Choro o sangue de Spies ,Parsons, Fischer e Engel.   Choro  ainda mais pelo João, pelo Zé, pelo Sr. Pedro, pela Dona Maria, pela Luisa, pelo Oswaldo, pelo (...) . Choro pelos meus filhos – pobrezinhos - que nem gerados foram e já estão condenados a exploração. Choro pela injustiça masca

E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa