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no abraço.


Você é inteiro abraço.
Me abraçou de um jeito único. Não só corpo e enlaço. Abraçou o meu todo e ali ficou. Ainda diz baixinho bem pertinho, que meu jeito te encantou.

Não pareceu ter medo, engraçado. Calejada de quem vem, entra e sai do coração, deveras despedaçado.

Você não. Você nem me perguntou. Chegou, entrou, plantou, mudou: 

meu rumo, meus planos, meu caminho e o meu amor!

Você é nirvana calmaria, é fleuma do desassossego, é reggae esquisito pelo qual já tenho apreço.

Teu contorno em minhas curvas faz meu mundo mais bonito e meus textos decorados, agora todos reescritos.

Enroscada nos teus braços, eu regalo meu cansaço dos caminhos percorridos exaustivos fatigados. Me encontro, me remonto, me desmancho, me refaço.

Tuas mãos percorrem livres destemidas no meu torso, me enlouquece, me desbrava, me entorpece, me arrepia, que delícia... 
Me umedece!

Nosso choque não machuca, não corrói e não devasta. Ele cura, ele une, nos atrai e nos arrasta.
Meu amor, bons ventos trazem a bonança e a alegria. Gratidão ao universo, pela dádiva concedida.

Poucos feitos aos meus de fato faço, mas Deus recompensou-me quando me entregou ao seu abraço.


"Eu te amo" já é pouco, mas não custa reforçar, vou te dizer todos os dias, em nossa cama, nosso mundo, pôr-do-sol e lá no Altar. Pois dá vida pouco quero, pouco espero e pouco sei... 
Mas uma coisa te garanto, contigo eu vou casar.



Vital, V.

Comentários

  1. Toda sorte do mundo e toda dádiva divina recaiu sobre o destinatário desse texto.

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  2. Conhece-se quem sabe o que é capaz um abraço.

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  3. ❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤

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Os queridinhos.

Eu precisava ter...

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E de repente passa...

E de repente passa... A dor que esmagava o peito, tirava o ar, embrulhava o estômago, passa... A saudade que mastigava, que corroía, que desbaratinava  simplesmente passa... O medo que cegava, que infiltrava, que assombrava... Passa também! E tudo aquilo que achávamos que nos mataria, vai se esvaindo, assim, como um copo trincado que perde lentamente a água e quando nos damos conta, já está vazio. Eu me esvaziei de você e nem me dei conta. Quando lembrei de ter saudades, eu já não a tinha mais. Deve ter pulado para outro coração. A tristeza já não mora mais aqui e eu não sei de seu paradeiro. Espero que ninguém encontre. E você, que era meu tudo, simplesmente não é  mais nada. Nada além de um vazio gigante que ficou no lugar de sua partida. Não dói, não fere, nada. Só é estranho, esquisito não ter você aqui me tirando o sono. Essa paz ensurdecedora é nova, preciso me adaptar a ela, afinal, por longo período, a única coisa que conhecia de cabo a rabo era o mal que me fa