Vivo em uma
eterna provocação.
Quando alguém naturalmente se posiciona, desperta nos outros
a busca incessante da sua bendita "opinião".
Percebo
claramente uma massa carente de representações. Pessoas que sentem muito e
falam pouco. Talvez por não saber, talvez por assim temer ou quem sabe pra não
se comprometer. O fato é: alguém tem que falar.
Não sei se
você é ativo ou passivo na arte, se é percursor ou é meramente expectador, mas
vou falar por mim; me escraviza.
Sempre fui a
primeira a levantar a mão, a me colocar na frente, a responder de prontidão, a
me doer pelos meus, a dissertar sem
limites e por ai vai. Carrego em mim um turbilhão de teorias opiniosas e
esquisitamente fundamentadas. Porém, o peso das vozes caladas, gritantes na
minha cabeça ecoam e sobrecarregam minhas costas, diariamente cansadas pelo
peso da idade, pouca, mas que ainda há de vir.
Essa
obrigatoriedade de ter que “ser” e provar o tempo todo aprisiona os que se
dizem livres para falar. Por vezes, eu só queria ficar quieta, não pensar, não
formular, não me impor, não me expor.
Entrar de
cabeça num estado de letargia talvez; uma estafa mental me cairiam bem. Mas eu
me viciei em opiniões, e muito pior, viciei diversas pessoas que precisam dela,
da minha voz, da minha cara a tapa, do meu risco do possível ridículo, da minha
exposição escrachada e do meu ímpeto estupido. E eu tenho que estar lá, com
metáforas, textos, planos, saídas e medidas cabíveis. E assim vou levando,
entrando, rasgando, rompendo e tecendo, me cansando, frustrando, aprendendo e
retomando. Deve ser isso, essa tal de vida, a minha talvez. Mas enfim, não é uma reclamação, com o
perdão do trocadilho, é só a minha opinião.
Vital, V.
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