Hoje eu acordei desesperada pra escrever, com num impeto de socorro, sem nem pensar se alguém lerá, tanto faz, pouco importa, há tempos venho me afogando sem ninguém perceber!
Escrever é minha última tentativa de nadar, de me mover, de sair disso, porque não, eu realmente não gosto mais daqui.
No começo era bom, era divertido me aventurar nessa água, parecia límpida, segura e eu, imprudente e curiosa pulei de cabeça sem ponderar riscos e profundidade.
Bati a cabeça em uma pedra, mas em vez de logo sair dali, enquanto dava pé; Não! Curti o barato da queda, a zonzeira da colisão e a vertigem que gelidez me causava. Nadei com braçadas fortes.
Em dias quentes, como náufraga, me deleitava com a abundância de água doce, matava minha sede momentânea, refrescava-me do calor escaldante, relaxava-me com o som de suas curvas. Nas noites frias, na controvérsia do deserto, me aquecia, chegava a arder a pele: eu gostava disso! Sua margem já não me importava mais, eu só queria ir mais fundo, cada instante, mais fundo!
No ponto turvo, havia tantos mistérios, a mistica do obscuro, a magia do velado...Eu tive medo, mas ainda sim, submergi.
Agora que te descobri, não consigo mais sair daqui. Há tanta beleza e tanta treva em ti, que não consigo ficar, mas não sei como agir. Estou ilhada no meio de você, que me afaga e repele, me atrai e me expurga.
Esqueci de prender a respiração e sua água, antes fonte de vida, agora me fere, me infecta e eu preciso subir. Eu quis e agora não quero mais. Eu sou assim, você sempre me disse isso: teimosa, turrona, impetuosa,destemida e... Absurdamente frágil!
Não me recordo de como é a margem de você, mas com certeza é mais seguro que aqui. Talvez não tenha tanta luz, tantos encantos, tantas sensações. Deve ser sóbria, calma e pateticamente entediante. Como você nunca foi. Mas está doendo, estou com saudades de mim e tenho que ir embora. Só não sei como, não sei se consigo, por isso hoje acordei desesperada para escrever, com num impeto de socorro (...)
Vital.V.
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